quinta-feira, maio 30, 2024

“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.” ( Martin Luther King )

“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.” ( Martin Luther King ) Esta frase atribuída Martin Luther King , veio-me á memória a propósito e no contexto da guerra de Israel contra o povo palestiniano, neste dia em que em Portugal se “comemora um feriado de origem católica – dia de corpo de Deus – talvez seja o momento para uma séria reflexão sobre o que nos tem de algum modo perturbado a crítica indignada do slogan “From the River to the Sea” como sendo um cântico nas manifestações que defende o desaparecimento de Israel, no mesmo momento em que Israel está de facto a destruir a Palestina, a massacrar crianças numa palavra um genocidio. Não são cânticos, é fome, sede, mutilações, queimaduras, pessoas enterradas vivas, assassinatos, bombas, destruição de casas, museus, bibliotecas, universidades, escolas, tendas, etc. é isto que os políticos não nos podem esconder! Na verdade vivemos numa sociedade onde o silêncio dos inocentes fortalece a marginalidade dos culpados. Outra inversão surpreendente é a de chamar radicais ou extremistas a quem se manifesta contra um genocídio, contra um massacre abominável de crianças. As imagens que nos chegam há meses, e não só as últimas imagens insuportáveis do ataque ao campo de refugiados em Rafah, são as de milhares de crianças com corpos queimados, decapitados, imagens tão monstruosas que não seriam sequer possíveis nos mais violentos filmes gore. Quem reage a estas imagens e grita para que este horror cesse não é uma pessoa radical ou extremista, é uma pessoa humana, que está no lado certo da História. É a radicalidade de quem permanece em silêncio face a esta monstruosidade que nos deveria preocupar. Pensamos que a neutralidade, o silêncio é a atitude moderada face aos problemas do mundo, e, no entanto, o silêncio tem consequências dramáticas. O silêncio, explica Ervin Staub, especialista em psicologia do genocídio, no artigo “The Psychology of Bystanders, Perpetrators and Heroic Helpers” (1993), “incentiva os perpetradores, que frequentemente interpretam o silêncio como um apoio às suas políticas”. Em matéria de genocídio, de massacre de crianças, não há silêncios inocentes.! O silêncio vai destruindo a nossa consciência. Quem anda por aí a clamar pela resistência ao silêncio? Quem anda por aí retirar-nos a nossa capacidade de refletir. Basta olhar à volta…. E não queremos como disse Camilo Castelo Branco, que “ o silêncio seja uma confissão.”

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