quarta-feira, novembro 15, 2023

Vamos rir pois. O riso é uma filosofia” - Eça de Queiros, 1871, “Uma campanha alegre” em “As farpas.

Vamos rir pois. O riso é uma filosofia” - Eça de Queiros, 1871, “Uma campanha alegre” em “As farpas. Sem dúvida, desde então o nosso País progrediu, económica, social e culturalmente. Mas a caricatura de Eça continua a ter actualidade. Voltando ao objetivo d’As Farpas: no opúsculo de apresentação, cujo sucesso obrigou a uma segunda edição, ficamos logo a saber ao que vinham: “Nós não quisemos ser cúmplices na indiferença geral. E aqui começamos, sem azedume e sem cólera, a apontar dia por dia o que poderíamos chamar – o progresso da decadência”. O que seria feito pondo “a galhofa ao serviço da justiça”: “Vamos rir pois. O riso é uma filosofia. Muitas vezes o riso é uma salvação. E em política constitucional, pelo menos, o riso é uma opinião.” “E assim se passa, defronte de um público enojado e indiferente, esta grande farsa que se chama a intriga constitucional. Os lustres estão acesos. Mas o espectador, o País nada tem de comum com o que se representa no palco; não se interessa pelos personagens e a todos acha impuros e nulos; não se interessa pelas cenas e a todas acha inúteis e imorais. …… Os proprietários procuram viver à custa do Estado, vindo ser deputados a 2$500 reis por dia. A própria indústria faz-se proteccionar pelo Estado e trabalha sobretudo em vista do Estado. A imprensa até certo ponto vive também do Estado. A ciência depende do Estado. O Estado é a esperança das famílias pobres e das casas arruinadas. …..toda a nação vive do Estado. Logo desde os primeiros exames no liceu , a mocidade vê nele o seu repouso e a garantia do seu futuro…..perdeu-se através de tudo isto o sentimento de cidade e de pátria. Em Portugal o cidadão desapareceu. E todo o país não é mais do que uma …… Nação talhada para a ditadura — ou para a conquista. ? Isto é inadmissível, em qualquer caso. De duas uma: ou não se leva a sério, e é ridículo; ou se leva a sério, e é trágico. Mas nada menos.” (Uma campanha alegre – Eça de Queroz – Cap I 1871). Não deixa de ser curioso serem os que se afirmam liberais os que mais se batem pelos favores do Estado, pelos avales do estado, pelos lucros de negócios garantidos pelo Estado. Os liberais são, os principais corruptores do Estado, porque são os que mais dependem dele. As televisões são o seu meio de atirar areia aos olhos dos crentes para que não vejam o que se passa com os pretensos "acusadores".

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