“A persistência é o caminho do
êxito.” (Charles Chaplin)
Vamos encarar este tempo como um intervalo da
vida. Tendo a noção
que algumas coisas bonitas são muito mais deslumbrantes quando ainda são
imperfeitas do que quando foram criadas com perfeição. Uma oportunidade para
pensar e repensar. A
natureza continua a funcionar. Os passarinhos continuam a cantar, os rios continuam
com a água a correr e o Sol continua a iluminar. Essa é uma bela oportunidade
para nos reconectarmos com a natureza e apreciarmos tudo de mais belo que ela
nos proporciona. Os dias difíceis sempre serviram para apreciarmos os bons.
Dessa vez não será diferente. Tire alguns minutos de silêncio e olhe para os
lados. Se observar com atenção, vai encontrar muitos motivos para sorrir e
agradecer. Como escreveu Augusto Branco :“Encontra ânimo na dor e no
desafio. Nesta vida só nos são colocados à frente os obstáculos que somos
capazes de ultrapassar”.
Sou um cidadão comum. Nada sei de relevante sobre
esta pandemia, pelo que entendo dever ter a humildade de me deixar guiar por
quem, embora não sabendo tudo, e estando também a aprender dia-a-dia, sabe
seguramente muito mais do que eu poderia alguma vez saber - mesmo que me desse ao
trabalho de ouvir tudo (e não ouço), que andasse a coscuvilhar na internet
sobre o muito que se especula pelo mundo (e não ando). Nesta matéria, vivo a
serenidade de quantos confiam apenas no que as autoridades de saúde nos dizem
para fazer, somado àquilo que o bom-senso me aconselha. E, como se dizia
noutros tempos, o que for soará. “Determinação, coragem e autoconfiança são factores
decisivos para o sucesso. Se estamos possuídos por uma inabalável determinação,
conseguiremos superá-los. Independentemente das circunstâncias, devemos ser
sempre humildes, recatados e despidos de orgulho.”(Dalai Lama)
Sem nostalgia, a vida prossegue e é registada em
noticias. Aqui e ali podemos e devemos conversar, ligar aos amigos e dar uma
“vista de olhos” às notícias, algumas
que vale a pena ler, ver ou ouvir em sites, e saber distinguir a realidade da
mentira! Todos nós sabemos que só nos engana quem nós queremos, que
esta nova normalidade, que é a normalidade mais anormal desta minha já provecta
idade, como de muitos dos meus amigos e amigas, está ainda para durar e que,
por enquanto, ainda não conseguimos ver o dia, com que todos sonhamos! E assim, sigamos o que disse Fernando Pessoa:“
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem
era, e se transforme em quem é.”
Chegou o momento de enorme importância reflectir
que ou vivemos excessivamente confinados até há uns dias atrás, mostrando
cuidados e receios que não se justificavam; ou será que nos podemos agora expor-nos
excessivamente aos riscos que continuam no ar? Temos que ser claros entre o primeiro e o segundo momento, há uma
óbvia falta de coerência e de senso. É sobre o bom-senso, que quero agora e aqui pronunciar-me, e que gostaria de deixar uma
nota. Imaginamos que as angústias da solidão, somadas às tensões do
confinamento, leve uns tantos de nós a uma ideia: se se passou uma quarentena
de quase três meses, sem sintomas, o mais provável é que se não estejamos
infectados, o passo é pequeno e a tentação é grande, para voltar a “fazer o
mesmo”. Não façam isso!( muita gente não está a respeitar as normas de
distanciamento social (observo-o diariamente) e que isso gerará mais contágios
perfeitamente evitáveis). Pode ser trágico! E relembro, como escreveu Jean Paul
Sartre, “Todos os homens têm medo. Quem não tem medo não é normal; isso nada
tem a ver com a coragem”.
Ainda é muito cedo e a situação é ainda demasiado
incerta para que possamos “relaxar, sugerindo aos cidadãos a existência de uma
normalidade tão falsa como perigosa. Uma coisa é a necessidade imperiosa, que
obriga milhões de portugueses a correrem riscos para ir trabalhar; outra coisa,
completamente diferente, é sugerir que podem dispor gratuitamente dos seus
tempos livres, como se o perigo tivesse passado. Não passou. Seremos bem avisados se tivermos atentos que "o
tempo que ocupamos a moralizar os problemas é o que perdemos para os entender”(Daniel
Innerarity, filósofo espanhol, sobre a gestão da pandemia)
Sem comentários:
Enviar um comentário