“As leis escritas são como teias de aranha. Apanham, é verdade, os fracos e pobres, mas são facilmente destruídas pelos ricos e poderosos.”( Anacársis)

“As leis escritas são como teias de aranha. Apanham, é verdade, os fracos e pobres, mas são facilmente destruídas pelos ricos e poderosos.”( Anacársis) Posto assim, quando dizemos que as leis são como teias de aranha, tendemos a esquecer uma pequena palavra crucial no original, "escritas". E ela é fulcral para todo o contexto, porque demonstra que a expressão que Anacársis usou não criticar pretendia o espírito das leis, mas sim o facto de elas serem colocadas numa forma escrita, estática, que - falsamente - se gostaria de supor que serve para toda a gente. O que é falso. Se uma lei é estática, se está escrita na proverbial pedra, é puramente humana e, como tal, terá as falhas dignas de todos os seres humanos. Alguém com dinheiro ou poder suficiente saberá como as contornar, é como uma pedra que encontra no seu caminho o produto do trabalho árduo de uma aranha - este consegue apanhar pequenas moscas, claro está, mas nada pode contra coisas mais pesadas. A realidade é como é e não como nós desejamos que seja! Nestes tempos de agora, temos que ter a noção de que sofremos de uma enviesamento cognitivo, gostamos que a realidade se adeque ao que pensamos e deixamo-nos levar pela propaganda que parece confirmar as nossas crenças. Há quem diga que nós só nos apercebemos da realidade quando é demasiado tarde, como disse Mahatma Gandhi :“ Os sete pecados capitais responsáveis pelas injustiças sociais são: riqueza sem trabalho; prazeres sem escrúpulos; conhecimento sem sabedoria; comércio sem moral; política sem idealismo; religião sem sacrifício e ciência sem humanismo.” Noutros temos para os acordados, o amanhã era uma certeza em que nem sequer pensavam; assim como o era para os adormecidos antes de embarcarem no sono e nos tempos de hoje? Fazendo nossas as palavras de Platão, "as leis existem para agrilhoar os fracos aos desejos dos fortes". As leis são como teias de aranha, sem qualquer dúvida real, porque não têm um mesmo poder para com os fracos e os fortes. Ainda que nada disto contribua minimamente para o alívio ou conforto dos que sofrem, sinto-me um pouco mais humano ao fazê-lo. E é urgente fazê-lo. Contra a indiferença. A verdade é que já Pascal disse que:” Uma indiferença pacífica é a mais sábia das virtudes. “ O que nos leva a ter a uma percepção nas palavras de Martin Luther King.” O que me assusta não são as ações e os gritos das pessoas más, mas a indiferença e o silêncio das pessoas boas.”