sábado, agosto 29, 2020

 “É melhor fazer pouco e bem, do que muito e mal.” (Sócrates- o filósofo)

Li em qualquer lado que “a vida não era a mesma depois que se penetra no reino das palavras”. A realidade é que  depois de um tempo sozinho, cada coisa ganha um novo nome e cada momento vem com um novo sentido. Temos que ter a percepção de que as pessoas que se importam connosco são as que estão cá até hoje. Sentimos que o tempo é cada vez mais longo, que  as distâncias são cada vez mais curtas, tudo isto leva-nos a ter de continuar a encontrar coisas para estarmos ocupados. Umas das grandes lições que estes tempos do “covid19” nos deu é que não somos, como por vezes julgávamos, infalíveis. Hoje, todos temos a percepção de que somos muito mais frágeis do que pensávamos. Como há dias disse um amigo meu “o Covid19 tem sido para muitas e muitos de nós o grande medo das nossas vidas.

Um dos sintomas da sociedade moderna que todos nós já encaramos um dia, é que somos todos “muito bons a criticar”, mas poucos temos a coragem de apresentar alternativas.  Quando ouvimos que uma atitude vale mais que mil palavras, em geral deixamos essa frase passar como um  sintoma de “fala barato”, mas se pararmos para pensar, ter atitude faz toda diferença na nossa vida! Expressar a gratidão com palavras e atitudes e a nossa vida mudará muito de modo positivo. Como disse o Dalai Lama: ”É durante as fases de maior adversidade que surgem as grandes oportunidades de se fazer o bem a si mesmo e aos outros.”

 Ao contrário do que dizem “os profetas da desgraça” que por aí proliferam, hoje vivemos mais tempo e melhor. E no futuro  podemos talvez prever, ou será esse o nosso sonho, de que será muito mais o hospital ao domicilio,  os  cuidados continuados de saúde ao domicilio, isto é tentar cuidar das pessoas na sua própria casa. Acima de tudo devemos respeito aos nossos velhos, a maior parte da vezes, tão maltratados em lares, muitas vezes pagos a peso de ouro, e que apostar no vale-tudo é um sinal das desgraças que podem chegar. Há que pensar no modo como hoje a sociedade no seu conjunto trata os velhos, levando-os para as diversas despensas para “os empacotar” . Não quero ficar por aqui nestas palavras “talvez fortes e injustas para alguns”, mas responsabilidade é colectiva, é da sociedade que estamos a criar e cujas consequências fingimos não ver ou até não saber! Quando próximo, fingimos estar longe; quando longe, fingimos estar próximo.”(SUN TZE)

Há homens e mulheres que de tudo se servem para atingir os seus fins, o que até pode não o fazer por  mal,  mas quando para atingir um fim enveredam por certas condutas tornam-se tão ou mais rasteiros que os repteis. Há momentos da nossa vida que julgamos estar acima de tudo e de todos, não ouvimos nada, nem ninguém e seguimos em frente como nada conseguisse parar-nos nos nossos objectivos. E, a certa altura, caímos que nem tordos! Tinha razão o filósofo Heraclito, há dois milénios: “não é possível um homem banhar-se duas vezes nas águas do mesmo rio, porque já não é o mesmo rio nem o mesmo homem”.

Hoje já temos a noção de que a epidemia de Covid-19, na sua intensa estranheza e nas consequências nefastas que temos presenciado, forçará uma inevitável e até necessária alteração substancial no nosso modo de viver, dado que todos nós, ao nascer, somos, como naturalmente constatou Hannah Arendt, recebidos pelos mais velhos que nos protegem e educam. É esta a única harmonia possível, na vida de todo o ser humano – uma estreita intimidade entre Passado, Presente e Futuro. O horizonte parece cinzento e incerto e só nos resta sobreviver e ultrapassar esse ano que para nós, nesta altura “parece perdido”, ou talvez assim não seja?.

 Todos nós elegemos uma forma de agir em relação às circunstâncias da vida, e, em qualquer tempo histórico, os homens escolhem entre as possibilidades que se lhes apresentam. Ainda bem que o mundo está a acordar e a perceber que investir na saúde é investir na segurança e na estabilidade. “A vida não cessa. A vida é fonte eterna e a morte é jogo escuro das ilusões. O grande rio tem seu trajecto, antes do mar imenso. Copiando-lhe a expressão, a alma percorre igualmente caminhos variados e etapas diversas, também recebe afluentes de conhecimentos, aqui e ali, avoluma-se em expressão e purifica-se em qualidade, antes de encontrar o Oceano Eterno da Sabedoria.” (Chico Xavier)

 

 

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