“Viver
é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.”(Oscar Wilde)
Este tempo, que não é
o nosso tempo, está a fazer-nos viver a nossa “vida” de outra forma, faz-nos
vivê-la nos limites do possível. Há todos aqueles que tem de trabalhar, há
todos que tem que dormir, há todos que tem de comer, há aqueles que tem de brincar, e até de viajar e
visitar tantas coisas, tudo no mesmo espaço (de tempo e físico). É por isso,
que temos que admitir que esta pandemia, pode também vir a ser lembrada, como
uma oportunidade para muitos conhecerem, a “parte mais esquecida” da sua
própria vida, e começar a “falar” em qualidade de vida, em oportunidade de
trabalho remoto e “espaço para respirar”. Como disse Max Weber : “A história
ensina-nos que o homem não teria alcançado o possível se, repetidas vezes, não
tivesse tentado o impossível.”
Nunca
podemos deixar de sonhar, mas sempre respeitando acima de tudo a nossa
identidade e as nossas raízes, todos nós temos raízes que nos mantém em pé. Todos
nós precisamos de conhecer e saber quais as nossas raízes, pois só isso nos dá
o sentir de viver a nossa vida: existe um qualquer lugar no mundo onde nascemos, onde aprendemos
a falar uma língua, onde descobrimos como nossos antepassados superavam seus
problemas. Haverá um dado momento na nossa vida, em que passamos a ser
responsáveis por esse lugar! Por vezes sentimos que precisávamos de ter asas,
pois queríamos mostrar os horizontes sem fim da imaginação, que nos levam até aos
nossos sonhos, e nos conduzem a lugares distantes. São essas as asas que nos
permitem conhecer as raízes de nossos semelhantes, e aprender com eles.” Quando
as raízes são profundas não há razão para temer o vento.” (Provérbio Chinês)
Apesar da primeira impressão ser a que fica, todos
devemos ter a percepção, que quase sempre o essencial é invisível aos olhos. Pois
como nos sentimos por dentro é reflectido exteriormente, mesmo que não
consigamos ter essa percepção, não podemos fingir que a partir de determinado
momento, que não sabemos quando, e duvidamos que alguém saiba, tudo voltará a
ser como antes! Relembro um provérbio chinês, demonstrativo de como a sabedoria
ancestral pode ser inspiradora da mudança. “Não importa quantos passos foram
dados para trás, o importante é quantos passos agora damos para a frente".
Para o bem ou para o mal é a minha convicção que
temos que virar esta página da perda relativa da nossa liberdade individual e
colectiva que este vírus (covid19) implicou. Torna-se evidente que, talvez este
não seja o único assunto ou desígnio da sociedade, pois temos de saber e
aceitar que “há mais vida para além do vírus”, pois sentimos que todos temos o
direito e como cidadãos ser livres de prosseguir os nossos projectos de vida,
as nossas ambições e aspirações, quando a incerteza é particularmente elevada
quanto a comportamentos futuros. A questão é o de saber quando e como? “Eis
o meu segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.
Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas
eternamente responsável por aquilo que cativas.”(Antoine de Saint-Exupéry)
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