sábado, julho 27, 2019

“O homem vive de razão e sobrevive de sonhos.” (Miguel Unamuno)


“O homem vive de razão e sobrevive de sonhos.”  (Miguel Unamuno)
Há momentos na nossa vida que sentimos que algo não vai bem... talvez seja melhor parar um pouco, respirar, reflectir, ou até  mudar de direcção, dar um tempo a si mesmo, repensar melhor, distrair-se, reinventar-se, conversar com um amigo, absorver bons conselhos, decida-se, no entanto, não deixe a vida cair na monotonia porque pode recomeçar quantas vezes for preciso, baseando-se nas experiências passadas para mudar o rumo do seu viver.  Bem sabemos que na realidade os limites são complexos. Eles não são preto-e-branco, e não há maneira certa ou errada de entendê-los. O que mais importa é que começamos a entrar em sintonia com nossa própria voz interior, necessidades e desejos para que possamos nos mover de uma forma que nos honre, mesmo quando isso signifique desapontar alguém. (o que muitas vezes requer muito desaprender, praticar e fundamental autoconfiar em…) "Felicidade, não em outro lugar, mas neste lugar ... não por mais uma hora, mas nesta hora." - Walt Whitman
Talvez nunca tenha reparado ou experimentado que depois de olhar para uma montanha, se fecharmos os olhos e imaginarmos a paisagem no nosso íntimo, temos tendência para nos fixarmos nos pormenores importantes; a massa da informação visual é interpretada e as características mais evidentes da montanha identificadas: os picos de granito, os glaciares, a neblina que paira acima da linha das árvores – pormenores que teríamos visto antes, mas aos quais não tínhamos prestado atenção.
Como disse Allan Pease: “Somos diferentes porque o nosso cérebro está “ligado”de maneira diferente. Isso faz-nos perceber o mundo de maneiras diferentes e ter valores e prioridades diferentes. Não é melhor nem pior – é apenas diferente. ”
Todos sabemos que temos diferentes maneiras de ver o mundo... um certo dia, decidimos experimentar isso, e mostrar aos outros o quanto diferente são os nossos pensamentos! E para nosso espanto, quando pensamos que os nossos olhos já viram todos os encantos deste mundo, surge uma nova amizade, mas mantenha sempre o seu  espaço para seus sentimentos. O mundo pode ser duro, então vamos tentar oferecer a nós mesmos e aos outros compaixão enquanto navegamos nele. “Só se escreve com intensidade se vivermos intensamente. Não se trata apenas de viver sentimentos mas de ser vivido por sentimentos. O bom do caminho é haver volta. Para ida sem vinda. Basta o tempo.” (Mia Couto).
O luto é uma experiência que toca a todos nós, mas cada um experimenta-o à sua maneira. Não é fácil acordar, manter rotinas e adormecer sozinho, após tantos anos de uma boa e sã convivência conjugal. Há memórias demasiado presentes e uma ausência que persiste nos gestos quotidianos mais simples, apesar de todos os esforços para virar a página e prosseguir com o que se entende por retorno à normalidade. Ninguém pode substituir o lugar deixado vago no nosso coração. Mas restaurar o desejo de conduzir a nossa vida é possível. Mesmo apesar dos sentimentos de revolta, tristeza e abatimento, inevitavelmente associados à perda     e dos projectos sonhados a dois. Todos temos direito às nossas escolhas. Se for um desejo nosso o retomar a vida acompanhado, a primeira coisa a ter em conta é não boicotar esse sentimento genuíno (por exemplo, imaginar-se, aos olhos dos que lhe são próximos, como "um viúvo alegre", que não sabe preservar o legado do bom, nem gratidão pelo  que a vida já lhe deu, ou que soube construir).
“Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite”. (Clarice Lispector)

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