sexta-feira, maio 03, 2019

“Enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança." (William Shakespeare)


“Enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança." (William Shakespeare)  
 
Como acontece com grande parte das pessoas  vejo o tempo passar, e ao mesmo tempo “parece” começar a sentir uma “espécie de preguiça crónica” que nos quer fazer esquecer de olharmos para as coisas que nos rodeiam. Causa-me um certo espanto o tempo que agora passa. Cheguei à conclusão que o tempo é a única coisa terrível que existe. O tempo, que neste tempo passa sem quase dar por isso e leva de arrasto, aparentemente aleatório, a juventude que já foi nossa e a dos outros. Não é uma situação de  amargura, é apenas a realidade da vida. Como disse Josh Billings acerca da solidão como “ um lugar bom de visitar uma vez ou outra, mas ruim de adoptar como morada.”  É por isso, que temos que aprender a observar, porque a realidade sem o sonho e a fantasia não tem nenhuma utilidade para a nossa “estadia” e modo de viver a nossa vida. E continuamos a sonhar que venham novas histórias, novos sorrisos e novas pessoas!
Como todos já alguma vez sentimos a solidão nunca vem sozinha, pois como  devemos saber, ela traz consigo a dor, a saudade, a tristeza e o vazio.
Há quem diga que saudade é não saber! Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que parem o nosso pensamento, não saber como “parar” as lágrimas quando ouvimos uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio, naqueles momentos em  que nada nos preenche. Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos “machuca”, é não conseguir ver o futuro que nos convida! Saudade é sentir que existe o que não existe mais! “Aqueles que nunca sofreram não sabem nada, não conhecem nem os bens nem os males, ignoram as pessoas , ignoram-se a si próprios.”( François Fénelon)
Todos devemos saber que existem algumas formas de honrar a memória das pessoas. É um exercício interessante, porque estimula o significado das histórias compartilhadas, quando a pessoa não esteja mais cá, o que nos faz “relembrar” que o que vivemos juntos permanece vivo sob a forma de sabedoria, de crescimento, de motivação. Mesmo que exercícios como criar álbuns de fotografias, visitar locais especiais, celebrar até aniversários, etc, possam trazer lágrimas, também revelará sentidos que se “mantiveram” escondidos nos casos em que tais memórias, por um motivo ou outro “já se tinham dissipado” na nossa mente. Não apaguem nada, tentem compreender tudo, flutue livremente por entre as suas  histórias. Chore o que tiver que chorar, abrace tudo que surgir até que os primeiros sorrisos comecem a florescer.“A vida é apenas isto: um encadeamento de acasos bons e maus, encadeamento sem lógica, nem razão; é preciso a gente olhá-la de frente com coragem e pensar, mas sem desfalecimentos, que a nossa hora há-de vir, que a gente há-de ter um dia em que há-de poder dormir, e não ouvir, não ver, não compreender nada.”(Florbela Espanca)
Não foi por acaso que num destes dias surgiu-me a ideia de que  a “saudade” não se encaixa muito bem, ou mesmo nada com a  “solidão”, já que a “saudade” é bastante mais do que isso. Saudade é ver uma miragem no final de uma estrada deserta, é andar de braços dados com o sonho e esperança, é tentar enganar-se pela milésima vez caminhando no sentido contrário do tempo. Pelo contrário a solidão é uma espécie marcha lenta, é o degradar  de qualquer tipo de sentimento,  é o aprender a dançar sozinho, beber sozinho, sonhar de forma avulso sem sentido de coisa alguma,
 é o olhar para os lados e descobrir que a saudade continua a bater à porta, não a sua porta, mas sim a de qualquer outro.  “Nada é para sempre, dizemos, mas há momentos que parecem ficar suspensos, pairando sobre o fluir inexorável do tempo“.( José Saramago)
Considera-se que é de facto incrivelmente, um óptimo meio ou recurso de tratamento, como terapêutica adequada o conversar sobre os sentimentos que cada um sente. A morte da esposa ou do marido ou de outro qualquer familiar ou amigo mais chegado, é um evento fortemente traumático para o qual ninguém está preparado. Pode levar anos para processar todos os sentimentos que ficam e atribuir significado às histórias compartilhadas. Lembrar estas experiências pode trazer conforto e até alegria, um passo crucial para a solução e recuperação da vontade de viver. É por isso que, devemos de procurar não só as  pessoas que tenham ou estejam a passar pela mesma situação, mas também com sentimentos genuínos de compaixão para poder escutar o que tem ou quer dizer.  “A vida, que parece uma linha recta, não o é. Construímos a nossa vida só nuns cinco por cento, o resto é feito pelos outros, porque vivemos com os outros e às vezes contra os outros. Mas essa pequena percentagem, esses cinco por cento, é o resultado da sinceridade consigo mesmo”. (José Saramago)


Sem comentários:

Enviar um comentário