sábado, março 09, 2019

De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e, é um sono sem sonhos em que estamos despertos”. (Fernando Pessoa)


De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e, é um sono sem sonhos em que estamos despertos”. (Fernando Pessoa)   

 Como disse Fernando Pessoa Ano Novo de tudo, ficaram três coisas: A certeza de que estamos sempre começando... A certeza de que precisamos continuar... A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar... Portanto devemos: Fazer da interrupção um caminho novo... Da queda um passo de dança... Do medo, uma escada... Do sonho, uma ponte... Da procura, um encontro..” 
Tenho de reconhecer que entendo que há quem diga que a  “ fé move montanhas”, mas respeito todos aquelas(es) que assim não pensam. Porque assim penso, na realidade nem que todas as estrelas estejam ao nosso alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente a paciência, porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer qualquer tipo de “sucesso” na nossa vida. Para os nossos erros haja sempre perdão; para os nossos fracassos, haja sempre uma segunda oportunidade; para os amores considerados impossíveis, (nada é impossível nesta vida….) precisamos sempre de tempo, sendo verdade que o tempo é bem escasso na nossa vida, embora muito raramente ou tarde demais chegamos a essa conclusão. Alguém disse que denada adiantava cercar um coração vazio ou economizar na sua alma”.(Sarah Westphal)
Há também quem diga que a Vida não cabe numa qualquer Teoria, seja ela qual for – estamos bem certos disso. No entanto, cada vez que dizemos “ a vida”…. Somos levados a pensar nas quantas maravilhosas teorias que os filósofos arquitectaram na severidade das suas e de nas “escuras bibliotecas”, nos quantos belos poemas os poetas rimaram na pobreza das suas vidas, ou em quantos fechados dogmas os teólogos não entenderam na solidão das celas. Nisto, ou então na conta do sapateiro, na degradação moral do século, ou na triste pequenez de tudo, a começar por nós.
 Estou naqueles dias, a que chamo “ entre os meus dias” e a pensar em como estou e me sinto orgulhoso de todos meus e as minhas amigas/amigos todos os dias. Estou deveras impressionado com eles, é deles que vêm esta minha “parca inspiração”. Fico até impressionado com qualquer pessoa que escolha prestar atenção e analisar a sua postura na vida de todos os dias que “denomino saúde emocional”, seja por recurso a meios de terapia ou por outras vias. Reconhecer que somos humanos e, por isso sujeitos ao erro, mas também a reconhecê-lo, nunca deve ser algo que possamos vir a sentir e pelo qual somos feitos (existimos e vivemos) para nos sentirmos envergonhados. 
No contexto de uma vida feliz, uma mesa desarrumada ou um armário cheio de roupa que já não usamos é, de facto um problema, mas que consideramos “trivial” - e por isso cheguei a uma conclusão que ao obter mais controlo sobre as nossas coisas, sobre o que nos move no dia a dia, faz-nos sentir mais no controlo das nossas vidas. Ao livrar-nos de coisas que não usamos, já não precisamos ou já não sentimos nada, assim como as coisas que não funcionam, não se encaixam ou não combinam, nós libertamos a nossa mente (e as nossas prateleiras) pelo que realmente valorizamos  na nossa vida.
À medida que o tempo passa, percebemos cada vez mais que NUNCA somos capazes de ser essas tantas coisas, que por vezes gostávamos de ser - não porque não nos esforçamos o suficiente, mas porque somos apenas humanos. A vida não tem a ver com ultrapassar o que é difícil, apenas abrindo espaço para o que é bom, ou alcançando um estado de completa felicidade. Em vez disso, a vida é aprender que podemos realmente, realmente, criar espaço para tudo isso: para a dor e a alegria, para a confiança e a dúvida, para a facilidade e o desafio. É tudo valioso, tudo importa, e tudo tem algo a ensinar-nos quando deixamos essa “fase da vergonha” e permitimos o que dói apenas estar lá sem qualquer tipo de “pseudo auto-julgamento”. "Sonhar mesmo que seja impossível/Lutar mesmo que o inimigo seja invencível/Suportar a dor, mesmo que seja insuportável/Correr, mesmo onde o bravo não ouse ir/Transformar no bem o que é mal,/mesmo que o caminho seja de mil milhas/Amar o puro e o inocente,/mesmo que seja insistente/Persistir, mesmo quando/o corpo não mais resista/E, afinal, tocar aquela estrela,/mesmo que seja impossível." (Fernando Pessoa)

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